terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Silêncio

Resignámo-nos ao silêncio.
É tão mais fácil... cada um sentado na sua ponta do sofá imaginário que criámos para nunca sairmos muito do campo de visão de cada um.
Sabemo-nos sem nos sabermos realmente, é o nosso lema.
É bem mais fácil. Não preciso de saber se estás feliz. A minha felicidade também nunca será algo que esteja nas tuas preocupações diárias. No entanto, sabemos que estamos vivos.
Se pensas, no que pensas... não sei. Nem sequer imagino... não quero imaginar. Não imaginas, de igual forma, todos os pensamentos que estão em mim, todas as frases que escrevo mentalmente nas paredes do meu crânio... Deixou de interessar o mais intrínseco de nós, aquilo que somos para além de corpos largados no sofá que imaginamos todos os dias.
Às vezes pergunto-me se serei alguma coisa para além deste corpo. Não, não sou. A apatia inerente a todo este cenário não permite mais do que corpos gélidos e pensamentos fechados nesses mesmos corpos. Nada ganha dimensões mais fortes e sentidas.
Não vale a pena. Nunca valeu. Nunca valerá.
Ficam os corpos no sofá. Os pensamentos na cabeça.
Fica a apatia na sala.